sexta-feira, 20 de maio de 2011




Versos para Maroca


I

Lá na Lagoa da Serra
Onde começa o sertão,
Por lá morava um vaqueiro
Que pegava barbatão.




II

O seu nome era Raimundo
Ferreira seu sobrenome,
Trabalhava noite e dia
Pra seus filhos não passar fome.


III

Sua esposa era Maroca
Mulher de grande valor
E todo dia com ele
Trabalhava no ardor.


IV

Maroca teve treze filhos
Mas dois, cedo Deus levou,
E para criar os onze
Muito suor derramou.


V

Maroca, muito cedinho,
Já se encontrava de pé,
Rachava lenha e trazia
Para fazer o café.


VI

Do milho fazia broa
E canjica pro jantar,
Preparava o almoço
Sem nunca se lamentar.


VII

Maroca banhava os filhos
Com um baldinho de água,
Mas nenhum dormia sujo
Porque ela não deixava.


VIII

Suas redes tão limpinhas
De tão limpas até cheiravam,
E estavam sempre prontas
Prá servir a quem chegava.


IX

Maroca criava pinto, pato, peru e pavão
Cuidava com tanto zelo e amor no coração
Que quando se aproximava pra eles era um festão
Pois sabiam que a comida vinha na palma da mão.


X

Maroca como mulher era bela e primorosa
Sabia cortar cabelo, costurar, bordar, pintar
E até fazia renda pra sua casa enfeitar.


XI

Com tanta sabedoria
Nunca se deixou cansar
Rezava o terço e pedia
Para Deus lhe abençoar
E com sua permissão
Poder seus filhos criar.

XX

Seus filhos todos adultos
A tratam com afeição
E quando lhe perguntam algo
Escutam com atenção
Aquele sábio conselho
Do fundo do coração.


XIII

Agora já bem velhinha
Seus noventa a completar
Só pede amor e carinho
Para poder terminar
A sua grande jornada
E a Cristo se apresentar.

                           
                                 
     Minha Mãe Maroca,recordando meu pai Raimundo Ferreira




Maroca



Obra perfeita de Deus,

Simbolizada em mulher.

Regaço que a Mão divina,

Deu a nós por mister.


Sem muito afago ou mesuras,

Sempre se impondo, e de pé,

Minha mãe tem a postura,

De uma grande mulher.


Altaneira e prestimosa,

Cheia de dons, sem igual.

Só pode ser obra prima,

Do bom Pai celestial.


Como árvore à beira do riacho,

Fortalecida em sua própria fé.

Deu a seus frutos tanta fortaleza,

Sendo ela mesma, uma simples mulher.


Não sei se por sorte ou por compaixão,

Deus nos deu esta jóia em condição.

Pois, pretende levá-la com certeza,

Para morar na celeste mansão.






Recordando.
Raimundo Ferreira Lopes





I

Soluçando de saudade dou adeus a minha sela,
Peço a minha família, que se poder guarde ela.
Pra recordar das carreiras que já dei montado nela.

II

Dou adeus ao meu cavalo, fazendo a vontade dele,
Já que ele quer me matar, também devo matar ele
Pra ninguém ver homem nenhum pegar boi montado nele.

III

Adeus cachorro trigueiro sempre agiu
Como um amigo nem posso contar às vezes
Que ele pegou boi comigo.

IV

Adeus aos meus filhos homens, Abel, Antonio
e Adão o Noé e o Francisco completam o meu  pelotão.
Peço que de mim se lembrem nas festas de apartação.

V

As minhas filhas mulheres, que são seis rosas em botão.
Peço que sigam o exemplo de força e de perfeição,
que lhes deixou sua mãe(Maroca)
A quem Deus deu o galardão.

Saudades filhos sempre...

sábado, 14 de maio de 2011


Um  Breve  Histórico  da  Família


Raimundo  Ferreira  Lopes
e
Maria José Maia
(Maroca)


Em 03 de junho de 1917, no Sítio Várzea Grande, município de Russas (CE), nascia uma linda criança, para a qual foi escolhido o nome de Maria José Maia, filha do casal José Veríssimo Maia e Maria das Dores Maia. Sob o carinho e proteção do casal crescia e se desenvolvia aquela garota, estudiosa e prendada, tanto auxiliava a mãe na criação dos demais irmãos, como ajudava ao pai na labuta com a agropecuária, pois os filhos homens só vieram mais tarde.
Seu pai era comerciante e costumava dar rancho a comboieiros, ao mesmo tempo era um agropecuarista bem conceituado em Russas e Limoeiro.
A garota Maria José era carinhosamente chamada no seio da família por Maroca e se tornou uma linda moça.
Seu pai costumava fazer algumas festas em casa. Em uma dessas festas trocou olhares e dançou com seu primo, Raimundo Ferreira Lopes, por quem se apaixonou.
Raimundo era sobrinho de José Alves, conhecido repentista da época, que ganhou alcunha de “Mira-Flor”, nome da fazenda onde nascera, no município de Morada Nova. Raimundo tinha o oficio de vaqueiro no qual havia iniciado com a idade de dez anos.
Logo em 1938, aos 21 anos de idade, veio o casamento, de muito gosto das duas famílias.
Foram morar em uma localidade bem próxima chamada Capim Grosso, às margens do Açude Santo Antônio, também conhecido como Açude do Barracão, no município de Russas.
Lá, Maroca teve seus primeiros quatro filhos.
Como o mundo dá muitas voltas, Raimundo Ferreira resolveu voltear.
Primeiro, atendendo a convite de seu irmão Afonso, foi morar em Castanhão, município de Alto Santo. Ainda em Alto Santo morou no Sítio Cabrito, e posteriormente no Olho D’Água dos Currais.
De lá veio para a cidade de Limoeiro.
E Maroca não falhava, cada ano um filho. Nesta pisada teve 13 filhos. Dois morreram, criaram-se 11. Como se não bastasse criou mais um, que é o Juraci Evangelista da Silva.
Mas a peregrinação de Raimundo e Maroca não parou aí.
De Limoeiro foi morar no Sítio Raposo, no município de Morada Nova.
De lá retornou para Limoeiro, na localidade de Várzea das Caraúbas, propriedade do primo João Felício da Costa.
Da Várzea das Caraúbas foi morar no Sítio Danças, também no município de Limoeiro do Norte.
De Danças foi residir no Sítio Espinho, também em Limoeiro, onde teve duas residências. A primeira em propriedade de Antônio Vicente Maia e a segunda em propriedade do Sr. Nonato Nunes.
Do Sítio Espinho foi morar na Fazenda Cajazeiras, no município de Russas, propriedade do Limoeirense Clóvis Malveira.
Da Fazenda Cajazeiras foi para a localidade de Malacacheta, no Sítio Pedras, ainda no município de Russas.
De Malacacheta, Raimundo Ferreira, juntamente com sua família, voltou ao torrão natal, ou seja, para a Fazenda Mira-Flor, no município de Morada Nova, de propriedade de sua genitora, onde o mesmo nasceu e se criou.
A convite de seu irmão mais velho e comerciante bem sucedido na Praça de Limoeiro do Norte, o Sr. José Guilherme Ferreira, Raimundo e Maroca, em setembro de 1953, vieram residir na cidade de Limoeiro do Norte – Ceará.
Primeiramente na casa velha do Sr. Pedro Alves de Freitas, localizada no hoje Bairro Luiz Alves de Freitas.
Em 1963 mudou-se pela última vez para residir no Sítio São Raimundo, também neste município.
Raimundo Ferreira Lopes faleceu em 10 de maio de 1986, aos 74 anos de idade e Maroca comemora hoje, dia 03 de junho de 2007, seus 90 anos de idade.
Durante essa longa vida, Maroca enfrentou altos e baixos, nunca deixando se abater criou e educou seus filhos, a maioria formada.
Hoje Maroca é homenageada por ser uma vencedora, uma heroína e seus 11 filhos, todos vivos, prestam-lhe esta homenagem, em retribuição a tudo aquilo que, como mãe, conseguiu passar para a formação do caráter de cada um deles.

Abel Ferreira Lopes