ESPAÇO LITERÁRIO

Crônicas

CRÔNICA – JANELA DO INCONSCIENTE

Multidões de pensamentos povoam minha mente, tento recordar aquele dia fatídico 08 de setembro de 2006, quando aquele que para nós era considerado quase inatingível foi traído pelo destino, dia em que a fortaleza cedeu dando lugar ao inaceitável, obscuro e intransponível buraco (Janela do Inconsciente). 

Quando se ouve uma voz que surge gritando desesperada: “O Dr. Lopes caiu”.

A enfática notícia logo se espalhou causando nos corações terrível dor, era um médico conhecido, um amigo, um irmão, que daquela hora em diante precisava de oração.

De nada valia agora ser médico, ser coronel, ter abundância em dinheiro e do seu cavalo o tropel, pois se encontrava tão frágil como folha de papel.

Foram cem dias de luta e guerra nos hospitais, mas aquele velho guerreiro sempre provou ser capaz de vencer esta luta, como venceu tantas mais.

Venceu e está de pé com algumas restrições, mas isto de nada importa, quando ouvimos sua voz, nossa maior alegria é saber que está entre nós.

Sérios danos irreparáveis ofuscaram sua mente, que vive hoje recolhida, a JANELA DO INCONSCIENTE.

                                                           Alice Lopes
                                     05 de setembro 2010










A VIDA CONTINUA

Tenho certeza que um dia este corpo cairá inerte. É um processo natural. Às vezes chego mesmo a imaginar a sena do velório, como um qualquer, comum como os demais. Um caixão aberto para que os amigos certifiquem-se de quem é mesmo o corpo. Alguns amigos, amigos mesmo, principalmente meus irmãos, todos, homens e mulheres, talvez até alguns dos seus filhos tenham por mim certo carinho. Certamente estarão ali também alguns curiosos, estranhos, e por mais estranho que possa parecer, terá alguém feliz, outros aliviados, outros descansarão pela minha ausência. Alguns dirão: “eu sabia que pegava na alça do teu caixão! Disto não tenho dúvidas. Cômico são aquelas pessoas que olharão desconfiadas, fingindo-se tristes, mas pensando em se apropriar, de alguma forma, de alguns bens pertencentes ao defunto. Haverá certamente quem tente rezar uma Ave Maria, uma oração de São Francisco, quem sabe até “Segura na Mão de Deus e vai”. Os filhos, sim, talvez estejam por perto, talvez não! Será que haverá algumas coroas de flores? É possível, apenas as formais, levadas pela funerária, que se preocupa mesmo em receber os valores relativos ao sepultamento. Afinal, para a funerária é apenas mais um (negócio comercial), e por uma coroa ela poderá cobrar o preço de três. Podem ter certeza, eu estarei vendo e assistindo tudo. Se você se questionar e se perguntar: onde ele estará agora? Olhe para o lado ou para o alto e me verá dando a resposta que você merecer. Mas, tudo tem começo e fim. É chegada a hora de fechar o caixão devido o adiantamento da hora, todos terão seus compromissos e a vida continua. Não será por causa de mais um defunto destes tantos, chorados e enterrados, que modifique a rotina da vida das pessoas. De qualquer forma, obrigado a todos por este sacrifício, pois eu sei que enterro vem sempre na hora que temos outros compromissos. E se for o caso, devemos priorizar o enterro. O coveiro já apressado para fechar a sepultura e ir tomar a sua cachaça, afinal não é mole viver enterrando pessoas, ou corpos de pessoas. Aqueles que estavam ou não presentes, mas de qualquer forma tem relação hereditária, que de há muito vinham esperando a hora de apropriar-se de sua parte, fazem as contas, reclamam que ficou pouco, mas é melhor do que nada. Não sabe ele ou ela que do seu lado já há outro esperando que (ele/ela) deixe a sua parte que já se sentia até mesmo dono.

E a vida continua.

Francisco Ferreira Neto
21 de abril de 2003.



CRÔNICA


NOÉ FERREIRA LOPES

“ DE COMO SE UTILIZAR O LEITE DERRAMADO”
SE VIERES EM FORMA DE LEITE, BEBE-LO-EI;
SE VIERES EM QUEIJO DE MINAS, COME-LO-EI;
AS TUAS PROTEÍNAS (CASEINAS E ALBUMINAS),
APODRECE-LAS-EI, NO MEUBFATO DE REI,
AS TUAS GORDURAS SATURADAS, RANCIFICA-LAS-EI;
AS TUAS VITAMINAS QUE SÃO BEVENUTAS, ANABOLIZA-LAS-EI;
E AS CATABOLIZA-LAS-EI, BEM O SEI;
COM TEUS SAIS QUE SÃO BONS MINERAIS,
EU SALGAREI A TERRA, JÁ QUE EXCREMENTA-LOS-EI;
E ASSIM, O LEITE, QUE  APARECIA DERRAMADO, ANIQUILAO,
SERÁ RECICLADO;
SERÁ NOUTRO BOM CORPO, REINCORPORADO;
E O MILAGRE DA VIDA NA  TERRA, ESTARÁ COMPLETADO;
E O LEITE, ANTES PODRE, CONDENADO;
VIRÁ NA SUBSTANCIA DE UMA FLOR, PERFUMADA;
PRA DAR MAIS VIDA, A NOSSA VIDA ATRIBULADA.
VOLTARÁS PRA DEUS, DENDITO LEITE ESPARRAMADO.

DAÍ, O DITADO, JÁ CONSUMADO QUE DIZ,
“NÃO CHORE O LEITE DERRAMADO”







Textos

Minha História

Nasci no assentamento Santa Bárbara, popularmente conhecida por Fazenda Capine, perto de Sítios Novos.
Ainda criança nosso pai nos abandonou, minha mãe não podia alimentar-nos, pois além de mim havia mais três crianças para alimentar.
Sendo eu a mais esperta fui levada para morar com parentes, morando de casa em casa, sem rumo certo.
Agradeço a Deus, por ter iluminado a cabeça de minha tia quando me mandou para bem longe dali, certamente sabia que lá não teria as condições necessárias para um futuro melhor. Fui morar em Camará, município de Aquiraz. Sendo que lá também não havia recursos, minha tia sabendo da minha vontade de estudar se preocupava bastante.
Certo dia, fui vista por uma senhora que visitava sua sogra, esta logo se interessou por mim, pedindo a minha tia para levar-me, foi a minha grande oportunidade.
Hoje tenho um lar onde posso dizer que estou em paz, pois sei que se me dedicar poderei ser uma pessoa vitoriosa e também dar orgulho a minha família.
Meus pais me ensinam a ter dignidade, respeito e amor ao próximo.
Completei meus quinze anos e tive o prazer de reunir minhas duas famílias.
Contar minha história, certamente daria para escrever um livro. Quem sabe, talvez um dia! Mas hoje sei que Deus me ama e algo de grandioso para comigo Ele tem. Espero que Jesus segure na terra meus pais adotivos por muito tempo, para que tenham o prazer de me verem formada e servindo a Jesus com amor.

                    Geysa Gomes Ferreira Lopes                          
                                     20 de outubro 2010










15 Anos
Uma História a se Contar

I

1. Passarinho machucado, que nem podia voar
2. Suas asinhas quebradas, mal se ouvia o seu piar
3. Sem ter paradeiro certo, morando aqui e acolá



II

1. Foi chegando de mansinho, como quem vem só olhar.
2. Mas o tempo foi passando e firmando o seu lugar.
3. Hoje se sente amparada, pois já tem por quem chamar.

III

1. Esta pombinha cresceu, cresceu e desabrochou.
2. Tornou-se uma linda ave, até parece uma flor,
3. Mas é mesmo um colibri, brincando de beija-flor
4. Vive cantando feliz e confiante no amor.

IV

1. Hoje é seu dia de glória, pois recebeu do Senhor
2. A benção que a juventude anseia com muito ardor
3. Completar seus 15 anos, cheio de graça e esplendor.

                                                  Alice Lopes
                                           15  de outubro 2010







                                  
                                                      MEU  IRMÃO

I

Intelectual e nobre, homem de bom coração
Nunca recuou na guerra nem do trabalho abriu mão,
Jamais fica sem resposta, pois é um pesquisador,
Na sua magistratura tem o título de doutor.
Sua grandeza é patente pra tudo tem solução,
Humilde e irreverente, assim é o meu irmão.

II

Homem de pouca conversa e nenhuma adulação,
Sua boca sempre pronta para dizer sim ou não,
Amigo das horas certas sabe tomar decisão,
E com muita capacidade chegar ao fim da questão,
Humilde e irreverente, assim é o meu irmão.

III

Sempre se fez respeitar e causar admiração,
Na sua roda de amigos é tido como um irmão
Com honra e com galhardia sabe até pedir perdão,
Humilde e irreverente, assim é o meu irmão.

IV

Abel Ferreira é seu nome, falo com exatidão
Nunca se sentiu pequeno, nem tão pouco grandalhão
Por ser homem correto trás seu futuro nas mãos,
Com muito orgulho eu declaro,
humilde e irreverente, assim é o meu irmão.

 Alice Lopes, 20/agosto/2010.





                 Recordando Raimundo Ferreira
                                                 (In memorian)


I

   Soluçando de saudade dou adeus a minha sela,
   peço a minha família, que se poder guarde ela.
   Pra recordar das carreiras que já dei montado nela.

II

   Dou adeus ao meu cavalo, fazendo a vontade dele,
    Já que ele quer me matar, também devo matar ele
   Pra ninguém ver outro homem  pegar boi montado nele.

III

Adeus cachorro trigueiro, sempre agiu
como um amigo. Nem posso contar às vezes
que ele pegou boi comigo.

IV

      Adeus aos meus filhos homens, Abel, Antonio    
e Adão o Noé e o Francisco completam o meu  pelotão.
  Peço que de mim se lembrem nas festas de apartação.

V

As minhas filhas mulheres que são seis rosas em botão.
Peço que sigam o exemplo de força e de perfeição
                 que lhes deixou sua mãe (Maroca).                                                                
  

A quem Deus deu o galardão.



Autora: Alice Lopes










   
                                                    EU  E  DEUS


I

Eu andava sem ter paz, neste mundo de ilusão.
Não parava pra pensar nem fazer reflexão,
Só minha alma gemia de dor sem consolação.
Quando esta âncora santa em meu porto ancorou
Eu que nada mais sentia, pois me acostumei a dor,
Tive um abalo tão grande tudo em mim se transformou.
Hoje sou esposa e mãe pela força do amor.


II

Já quase sem esperança, vendo a vida em turbilhão
Como fornalha ardente, queimava meu coração
Mas Deus todo poderoso lá do céu pra mim olhou,
Tirou a minha tristeza, com honras me coroou.
Hoje sou esposa e mãe pela força do amor.


III

Eu fingia ser alegre e tentava ser feliz
Mas todo aquele que sofre, sabe o que a alma diz
Aquele gemido triste que sempre eu ocultei
desde criança comigo a outros nunca mostrei
Mas aquele que conhece toda grandeza da dor
Mandou o remédio certo me tratou feito uma flor
Hoje sou esposa e mãe pela força do amor.


IV

Tentava esconder a dor e mostrar satisfação
Com aquele sorriso franco e muita animação
Só aquele grito maldito de dor e humilhação
Contido dentro do peito rugindo feito um leão
Como chaga cancerosa ou vulcão em erupção
Só eu e Deus conhecia aquele grito de dor
Hoje sou esposa e mãe pela força do amor.


V

Na minha estrada de vida muitos caminhos trilhei
Procurando sempre paz mas esta nunca encontrei
Só achei tristeza e dor nos lugares que passei
E hoje sou venturosa devo tudo ao criador
Que olhando lá do céu viu qual quão grande a minha dor
Tomou pra si minha causa e por mim advogou
Hoje sou esposa e mãe pela força do amor.

                            Alice Lopes, 20/agosto/2010.








                                                           MEU  IRMÃO

I

Intelectual e nobre, homem de bom coração
Nunca recuou na guerra nem do trabalho abriu mão,
Jamais fica sem resposta, pois é um pesquisador,
Na sua magistratura tem o título de doutor.
Sua grandeza é patente pra tudo tem solução,
Humilde e irreverente, assim é o meu irmão.

II

Homem de pouca conversa e nenhuma adulação,
Sua boca sempre pronta para dizer sim ou não,
Amigo das horas certas sabe tomar decisão,
E com muita capacidade chegar ao fim da questão,
Humilde e irreverente, assim é o meu irmão.

III

Sempre se fez respeitar e causar admiração,
Na sua roda de amigos é tido como um irmão
Com honra e com galhardia sabe até pedir perdão,
Humilde e irreverente, assim é o meu irmão.

IV

Abel Ferreira é seu nome, falo com exatidão
Nunca se sentiu pequeno, nem tão pouco grandalhão
Por ser homem correto trás seu futuro nas mãos,
Com muito orgulho eu declaro,
Humilde e irreverente, assim é o meu irmão.




                       Alice Lopes, 20/agosto/2010




VERSOS PARA MAROCA 

  I

Lá na Lagoa da Serra
Onde começa o sertão,
Por lá morava um vaqueiro
Que pegava barbatão. 

II

O seu nome era Raimundo
Ferreira seu sobrenome,
Trabalhava noite e dia
Pra seus filhos não passar fome. 

III

Sua esposa era Maroca
Mulher de grande valor
E todo dia com ele
Trabalhava no ardor. 

 IV

Maroca teve treze filhos
Mas dois, cedo Deus levou,
E para criar os onze
Muito suor derramou. 

V

Maroca, muito cedinho,
Já se encontrava de pé,
Rachava lenha e trazia
Para fazer o café. 

VI

Do milho fazia broa
E canjica pro jantar,
Preparava o almoço
Sem nunca se lamentar. 

VII

Maroca banhava os filhos
Com um baldinho de água,
Mas nenhum dormia sujo
Porque ela não deixava. 

VIII

Suas redes tão limpinhas
De tão limpas até cheiravam,
E estavam sempre prontas
Prá servir a quem chegava.

 IX

Maroca criava pinto, pato, peru e pavão
Cuidava com tanto zelo e amor no coração
Que quando se aproximava pra eles era um festão
Pois sabiam que a comida vinha na palma da mão.
   X

Maroca como mulher era bela e primorosa
Sabia cortar cabelo, costurar, bordar, pintar
E até fazia renda pra sua casa enfeitar. 

XI

Com tanta sabedoria
Nunca se deixou cansar
Rezava o terço e pedia
Para Deus lhe abençoar
E com sua permissão
Poder seus filhos criar. 

XII

Seus filhos todos adultos
A tratam com afeição
E quando lhe perguntam algo
Escutam com atenção
Aquele sábio conselho
Do fundo do coração. 

XIII

Agora já bem velhinha
Seus noventa a completar
Só pede amor e carinho
Para poder terminar
A sua grande jornada
E a Cristo se apresentar.

Autores: Alice e Abel Lopes.
           Maio de 2007             











Poesias


MINHA  MÃE

Obra perfeita de Deus,
Simbolizada em mulher.
Regaço que a Mão divina,
Deu a nós por mister.

Sem muito afago ou mesuras,
Sempre se impondo, e de pé,
Minha mãe tem a postura,
De uma grande mulher.

Altaneira e prestimosa,
Cheia de dons, sem igual.
Só pode ser obra prima,
Do bom Pai celestial.

Como árvore à beira do riacho,
Fortalecida em sua própria fé.
Deu a seus frutos tanta fortaleza,
Sendo ela mesma, uma simples mulher.

Não sei se por sorte ou por compaixão,
Deus nos deu esta jóia em condição.
Pois, pretende levá-la com certeza,
Para morar na celeste mansão.

  Alice Lopes.
  Novembro, 2010




 Adalta
I


De família numerosa dentre todos onze irmão.
Nasceu à menina Adalta ali naquele torrão,
Perto de Morada Nova lá na fazenda São João.
Sendo o Sr. João Nogueira proprietário e patrão.
                     
 II


A menina era bonita corada como romã, seus
cabelos muitos pretos chamava muito atenção 
parecia uma graúna,  pássaro aqui do sertão. 
Seus pais logo se lembraram de batizar a menina 
Afilhada do patrão.
                    
  III


Crescia a menina Adalta, em meio a um turbilhão
de anseios e  revolta,  por aquela situação. 
Na mais completa pobreza e muita desilusão 
nem conseguiu estudar faltava concentração, 
pois a sua cabecinha vivia de ilusão.
                  
   IV


Cresceu e desabrochou tornou-se uma linda flor
como toda menina moça quis conhecer o amor. Mas 
a sua trajetória foi de sofrimento e dor, ate chegar 
seu marido mandado pelo Senhor.
            
 V


Casou-se,  tem cinco filhos que são sua alegria
e ainda tem três netinhos cheios de graça e euforia
pulando e dando gritinhos formam linda sinfonia.
Vivem servindo ao Senhor com muita paz e alegria.



Adão - O vaso de nardo
     I
Tentando homenagear todos os meus cincos irmãos 
Já falei sobre o Abel e também sobre o Antônio
Agora pela sequência, chegou a vez do Adão
que é para todos nós muito mais que um irmão.
  II 
Era um menino quieto, cheio de boa intenção
Trabalhava e estudava mesmo sem ter condição,
Tinha que pastorear o rebanho do patrão.
Enquanto o gado pastava ele aprendia a lição.
   III
Falo com muita firmeza, pois tive em minhas mãos
Por muito tempo um troféu de orgulho e com razão.
Sua carteira escolar de quatro anos que são, nota
abaixo de oito ali não se via não.
 IV
Seguindo esta picada, cresceu o menino Adão
com muita dificuldade mais com fé no coração,
tinha consigo um desejo de ser um grande cidadão.
Veio para aeronáutica pelas mãos do seu irmã
 V
 Ficou ali algum tempo tentando conciliar,
seu trabalho e seus estudos pra fazer
vestibular, pois o seu maior desejo era
um dia se formar se tornar um grande
medico e a muitos ajudar.
VI
 Foi um período difícil, mais tinha que suporta
pra realizar seu sonho não podia recuar, tinha
plena consciência que precisava avançar. Pra
com seguir seus intentos precisava se formar.
VII
Estudou,lutou,venceu e consegui se formar
veio conhecer a fama na policia militar.
Como capitão e médico viu o seu nome brilhar.
Mais por ser um homem passivo, resolveu sair de lá.
 VIII
 É casado e tem três filhos, são dois cravos
e uma flor. Sua esposa é a videira donde
provém seu vigor. Hoje seu maior desejo,
é um dia ser avó.